Em sua conta no Twitter, mais cedo, Bolsonaro já havia colocado a responsabilidade sobre os governantes estaduais e municipais. “Lembro à nação que, por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos governadores e dos prefeitos”, escreveu.
Por Redação - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro tenta tirar o corpo fora da maior crise sanitária de que o país tem notícia, há mais de um século. O mandatário neofascista disse, nesta segunda-feira, que a responsabilidade pelo combate ao novo coronavírus, no Brasil, é apenas dos governadores e prefeitos. Bolsonaro também considera que o “grande problema” enfrentado pelo país, hoje, são as manifestações contra o governo, sem levar em conta as mais de 100 mil mortes previstas por organismos internacionais de saúde.
— Nessa questão de desemprego e mortes, governadores. O Supremo Tribunal Federal (STF) deu todo poder para eles para gerir esse problema. Eu apenas coloco bilhões (de reais) nas mãos deles. E alguns ainda desviam — disse Bolsonaro aos seus seguidores, na porta do Palácio da Alvorada.
Em sua conta no Twitter, mais cedo, Bolsonaro já havia colocado a responsabilidade sobre os governantes estaduais e municipais. “Lembro à nação que, por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos governadores e dos prefeitos”, escreveu.
Doença
Na verdade, decisão do STF deu a governadores e prefeitos apenas o poder de decidir sobre medidas para tentar conter a disseminação da epidemia, como a decretação de lockdowns ou fechamento de empresas e comércio.
O STF não eximiu o governo federal de agir no combate à doença. A coordenação e planejamento de ações de combate à epidemias é um dos mandatos do Ministério da Saúde, assim como a coordenação e distribuição de equipamentos, repasse de recursos, habilitação de leitos de UTI, entre outras.
Bolsonaro tem sido responsabilizado pelos números crescentes da epidemia no Brasil, que, de acordo com o painel do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), chegou a 680.456 casos confirmados e 36.151 óbitos, no domingo.
Governança
Desde o início, Bolsonaro foi contrário a medidas de isolamento e acusa governadores de agiram contra o país e serem responsáveis pelo crescente desemprego. Em sua conta no Twitter, o presidente diz que o governo alocou centenas de bilhões de reais não apenas para combater o vírus, mas para evitar o desemprego, e que cada mês de pagamento do auxílio emergencial custa ao governo R$ 40 bilhões.
Bolsonaro reclama ainda que há grupos tentando desestabilizar o governo.
“Ao lado disso forças nada ocultas, apoiadas por parte da mídia, açoitam o presidente da República das mais variadas formas para deslegitimá-lo ou atrapalhar a governança”, escreveu.
Venezuela
A seus apoiadores, o presidente reforça que o “grande problema” do Brasil no momento são as manifestações contra o governo.
— O grande problema agora é o que vocês estão vendo aí agora, viram (na véspera) um pouco na rua. Estão começando a por as mangas de fora. É muito interesse que tem no Brasil, de dentro e de fora. Pode ter certeza que não vou desistir. A gente vai vencer essa luta aí. O Brasil não vai para a esquerda, não vai afundar, não vai virar uma Venezuela — ilude-se.
Antes mesmo das manifestações de domingo, Bolsonaro atacou grupos que planejavam protestos contra o governo como “marginais, “terroristas” e até “maconheiros” para tentar desqualificar os grupos. Nesse final de semana, os protestos aconteceram de modo geral de forma pacífica e sem confusões em todo país.
Devagar
A exceção ficou por conta de um pequeno grupo que, segundo a polícia de São Paulo, se separou no final do ato e tentou chegar à Avenida Paulista, onde ocorria um pequeno ato a favor do governo.
Bolsonaro disse ainda a seus apoiadores que não tem como resolver todos os problemas de uma vez só, mas lembrou que indicará um ministro ao STF —que é alvo constante de ataques dos bolsonaristas— em novembro deste ano.
— Eu vou indicar primeiro ministro do STF agora em novembro. A gente vai arrumando as coisas devagar aqui — acrescentou.
Manifestações
Bolsonaro repisou o discurso, pouco depois, durante a na cerimônia de posse do secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Claudio de Castro Panoeiro. Ele afirmou que seu governo é alvo de acusações que buscam deslegitimá-lo por parte de opositores que não aceitam a derrota na eleição presidencial de 2018, mas que tem se mantido firme apesar dos ataques.
— Mais que um momento, é uma constância os problemas que o governo enfrenta com aqueles que não aceitaram perder no voto as eleições em 2018. A todo tempo nos fustigam com as mais absurdas acusações, buscando uma maneira de nos deslegitimar, nos agredir, de nos desacreditar perante a opinião pública. O governo tem se mantido firme pela postura, o caráter e a capacidade de cada um dos seus integrantes — reprisou Bolsonaro.
No domingo, um grande manifestantes contrários e apenas alguns a favor do presidente protestaram nas maiores cidades do país, em atos sem registro de confrontos na maior parte do tempo.