Os moradores relataram um aumento constante de saques e ilegalidades depois que a polícia desapareceu das ruas no início do conflito.
Por Redação, com Reuters - de Cartum
O Exército sudanês realizou ataques aéreos nesta segunda-feira ao longo do rio Nilo, no norte da capital Cartum, enquanto luta para repelir seus rivais paramilitares após um mês de guerra, disseram testemunhas.

Batalhas intensas em Cartum e em suas cidades irmãs Bahri e Omdurman têm ocorrido apesar das negociações mediadas pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) na cidade de Jeddah, no Mar Vermelho, com o objetivo de garantir acesso humanitário e um cessar-fogo efetivo.
O combate se espalhou para a região ocidental de Darfur, já marcada por um longo conflito, mas se concentra na capital, onde combatentes da RSF ocuparam posições em bairros e o Exército tem usado ataques aéreos e fogo de artilharia pesada para atingir os rivais.
– Estamos sob intenso bombardeio agora em Sharq el-Nil e a Apoio Rápido está respondendo com armas antiaéreas – disse Awatef Saleh, de 55 anos, referindo-se à área em que vive ao longo do Nilo, em Bahri. "Tudo isso está acontecendo perto de nossas casas, estamos em estado de terror e medo."
O líder da RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, rejeitou os rumores de que ele havia sido morto ou ferido nas batalhas.
– Estou me movendo livremente em torno de minhas forças, estou presente em Bahri, estou presente em Omdurman, estou presente em Cartum, estou presente em Sharq al-Nil – disse Hemedti em uma mensagem de voz divulgada pela RSF.
– Eles estão espalhando rumores de que Mohamed Hamdan foi morto, e tudo isso são mentiras que mostram que eles estão sendo derrotados... Graças a Deus estou presente com as tropas – acrescentou ele.
Exército
O líder do Exército, general Abdel Fattah al-Burhan, e Hemedti ocupavam os principais cargos no conselho governante do Sudão após a derrubada de Omar al-Bashir em 2019, e deram um golpe dois anos depois, quando o prazo para entregar o poder aos civis se aproximava.
A guerra estourou após disputas sobre os planos para a RSF ser absorvida pelo Exército e pela cadeia de comando em uma nova transição política.
O conflito fez com que cerca de 200 mil fugissem para os países vizinhos e mais de 700 mil fossem deslocados dentro do Sudão, desencadeando uma crise humanitária que ameaça desestabilizar a região.
Aqueles que permaneceram em Cartum têm lutado para sobreviver em meio aos combates, à medida que os serviços de saúde entraram em colapso, o fornecimento de energia e água foi cortado e os estoques de alimentos diminuíram.
Os moradores relataram um aumento constante de saques e ilegalidades depois que a polícia desapareceu das ruas no início do conflito.
A agitação matou ao menos 676 pessoas e feriu 5.576, de acordo com dados oficiais, embora com muitos relatos de pessoas desaparecidas e corpos deixados insepultos.