Lula, que assume a Presidência do conjunto de países sul-americanos neste semestre, ampliará em sua gestão o olhar para a Ásia, após realizar acordos comerciais com a Europa.
Por Redação, com ABr – de Buenos Aires
Em sintonia com um plano do grupo econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), de instituir uma moeda única para realização de negócios entre seus integrantes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a proposta de uso das moedas correntes dos países que integram o Mercosul, em lugar do dólar norte-americano. A medida significaria um custo menor para os exportadores.

Lula, que assume a Presidência do conjunto de países sul-americanos neste semestre, ampliará em sua gestão o olhar para a Ásia, após realizar acordos comerciais com a Europa. Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, juntos, buscarão acordos comerciais com países como Canadá, Emirados Árabes Unidos e Panamá.
— Podemos diminuir custos e reduzir riscos cambiais utilizando nossas próprias moedas. Precisamos de um sistema de pagamento em moedas locais revigorado e moderno, que facilite transações digitais. Avançaremos nas tratativas com Canadá e Emirados Árabes Unidos. Na região, é preciso trabalhar com o Panamá e a República Dominicana, e atualizar os acordos com Colômbia e Equador. É hora de o Mercosul olhar para a Ásia, centro dinâmico da economia mundial. Nossa participação nas cadeias globais de valor se beneficiará de maior aproximação com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia — frisou o presidente, em seu discurso.
Livre comércio
O Mercosul concluiu, na véspera, as negociações de um acordo de livre comércio com o bloco europeu Efta, formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, e também já terminou as negociações do acordo comercial com a UE. Em ambos os casos ainda falta a assinatura definitiva.
— Estou confiante de que, até o fim deste ano, assinaremos os acordos com a União Europeia e com a Efta, criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo — afirmou o presidente.
Em seu discurso, Lula também disse que o beneficiamento de minerais críticos extraídos do solo de países do grupo deve ocorrer localmente, com transferência de tecnologia e geração de emprego e renda na região.
Soberania
O presidente afirmou, ainda, que a instalação de centros de processamento de dados dentro dos países do Mercosul é uma questão de “soberania digital”.
— A corrida por lítio, terras raras, grafita e cobre já começou… É fundamental garantir que as etapas de beneficiamento ocorram em nossos territórios, com transferência de tecnologia e geração de emprego e renda — acrescentou.
Para o líder brasileiro, “novas tecnologias estão concentradas nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países.”
— Trazer centros de dados para a região é uma questão de soberania digital. Esse esforço deve ser acompanhado do desenvolvimento local de capacidades computacionais, do respeito à proteção de dados e de investimentos para suprir demandas adicionais de energia — concluiu.