Rio de Janeiro, 16 de Setembro de 2025

Após a morte, Gerald Ford deixa crítica feroz a Bush

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Quinta, 28 de Dezembro de 2006 às 12:02, por: CdB

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e seus principais assessores fizeram um "grande erro" em sua justificativa para invadir o Iraque, disse Gerald Ford ao jornalista Bob Woodward em entrevista embargada até a morte do ex-presidente e publicada na edição desta quinta-feira do Washington Post. Ford, que morreu na terça-feira em sua casa na Califórnia aos 93 anos, disse que não teria feito a guerra com base no que era sabido publicamente na época, disse a reportagem.

- Acho que não, se eu fosse presidente, com base nos fatos conhecidos publicamente. Não acho que teria ordenado a guerra no Iraque. Eu teria maximizado os esforços através de sanções, restrições mais duras, o que fosse, para encontrar outra resposta - disse Ford.

Em entrevista de quatro horas gravada em julho de 2004, Ford discordou "com muita força" da justificativa para a invasão do Iraque em 2003 apresentada por assessores de Bush e veteranos do seu próprio governo - o vice-presidente Dick Cheney e o ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld - segundo Woodward.

- Rumsfeld e Cheney e o presidente fizeram um grande erro na justificativa para ir à guerra no Iraque. Eles colocaram a ênfase nas armas de destruição em massa. Agora, eu nunca disse publicamente que achava que cometeram um erro, mas senti com muita força que foi errada a maneira como teriam que justificar que fariam isso - disse Ford.

A justificativa inicial do governo Bush para a guerra foi que o Iraque representava uma ameaça pois tinha estoques de armas de destruição em massa. Nenhuma delas foi encontrada. A entrevista e a conversa subseqüente, em 2005, foram feitas para um projeto futuro de livro, apesar de Ford, que se tornou presidente em 1974 depois da renúncia de Richard Nixon devido ao escândalo Watergate, disse que seus comentários poderiam ser publicados a qualquer momento depois de sua morte, escreveu Woodward.

A reportagem de Woodward com o colega Carl Bernstein no Washington Post teve um papel importante na revelação do escândalo Watergate. Segundo o texto, Ford disse que entendia a teoria de "querer libertar pessoas". Mas o ex-presidente disse que não sabia "se era possível desconectar isso da obrigação número um, o nosso interesse nacional".

- E não sei se deveríamos sair pelo mundo tocando fogo infernal, libertando povos, a não ser que fosse diretamente relacionado à nossa segurança nacional - disse.

Woodward disse que Ford relembrou com carinho do seu relacionamento próximo com Cheney e Rumsfeld, e manifestou preocupação em relação às políticas que seguiram nos últimos anos.

- Ele (Cheney) era um excelente chefe de equipe. Primeira classe. Mas acho que Cheney tornou-se muito mais belicoso - disse Ford.

De acordo com o artigo, Ford disse que discordou da afirmação do ex-secretário de Estado Colin Powell de que Cheney desenvolveu uma "febre" sobre a ameaça do terrorismo no Iraque.

- Acho que provavelmente era verdade - concluiu.

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