Rio de Janeiro, 12 de Setembro de 2025

Ao lado de Chávez, Correa promete mudanças radicais

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Segunda, 15 de Janeiro de 2007 às 10:37, por: CdB

O socialista Rafael Correa assumiu, nesta segunda-feira, a Presidência do Equador, prometendo mudanças radicais no país, que teve oito presidentes em 10 anos. Correa, 43 anos, ex-ministro da Economia, usou promessas de pressionar a elite política e tirar milhões de pessoas da pobreza durante a campanha eleitoral em que derrotou, no segundo turno, o magnata Álvaro Noboa. Alto, carismático, Correa parece inclinado a seguir o mesmo estilo ousado do presidente venezuelano, Hugo Chávez: propõe renegociar a dívida externa, rever contratos petrolíferos, reescrever a Constituição e não renovar a concessão de uma base usada por militares dos EUA.

- A noite do neoliberalismo está chegando ao fim - disse o professor de Economia formado nos EUA, no domingo, em um ato na localidade indígena de Zumbahua, onde ele lecionou matemática como voluntário na década de 1980.

A vitória de Correa dá mais força ao eixo mais esquerdista e antiamericano da América Latina, que já inclui também o boliviano Evo Morales e o nicaraguense Daniel Ortega, além de Chávez. Mas a retórica de Correa é mais amena que a do seu colega venezuelano. Embora ele tenha dito em setembro que o diabo se sentiria ofendido ao ser comparado por Chávez a George W. Bush, Correa posteriormente afirmou que o presidente norte-americano foi "nobre" por cumprimentá-lo pela vitória eleitoral.

Além disso, prometeu independência em relação a Caracas.

- Meu amigo não manda na minha casa, eu mando - afirmou.

Correa tomou posse no Congresso e em seguida saiu de Quito para reuniões com outros chefes de Estado, entre eles o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que está numa turnê latino-americana que incluiu também Venezuela e Nicarágua. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia de posse de Rafael Corrêa, eleito no segundo turno das eleições com quase 57% dos votos. A solenidade aconteceu às 9h no Congresso Nacional equatoriano. Em seguida, Lula e convidados participaram da sessão solene da entrega de mandato presidencial de Alfredo Palácio para Rafael Corrêa.

A primeira viagem internacional de Corrêa, depois do anúncio da sua vitória, foi ao Brasil. Na ocasião, num encontro com Lula, ele prometeu trabalhar na melhoria da ligação entre os dois países, através de estradas e hidrovias , além de ampliar as operações da Petrobrás em território equatoriano. O Equador e o Chile são os dois únicos países da América do Sul com os quais o Brasil não faz fronteira.

Wall Street assustada.

As propostas de Correa assustam Wall Street e provocam tensões também no sistema político equatoriano, no qual três presidentes foram depostos por pressão popular e/ou parlamentar em menos de uma década. Correa promete convocar uma Constituinte para reduzir a influência política sobre o Judiciário e obrigar os deputados a viverem nos pequenos distritos eleitorais que representam.

Originalmente, parecia que o novo presidente teria muitas dificuldades parlamentares, mas na semana passada o segundo maior partido do país decidiu apoiá-lo, de modo que Correa terá uma ligeira maioria, possivelmente com aval parlamentar para convocar a Constituinte.

Correa é contrário à assinatura de um tratado de livre-comércio com os EUA, pois prefere aderir à Alba, uma iniciativa de Chávez que reúne aliados como Cuba. Criado numa família de classe média na cidade portuária de Guayaquil, Correa ganhou bolsas para estudar na Europa e nos Estados Unidos. Fala inglês, francês e um pouco de quéchua, um idioma andino.

- Os governos servis e as democracias neoliberais de plástico caíram - disse ele à eufórica multidão em Zumbahua.

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