O Conselho Político da República, que coordena a coalizão de partidos governistas, deverá intervir na disputa pela Presidência da Câmara e definir a unidade da base aliada. Esta é a expectativa alimentada pelo deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE) como forma para encontrar uma saída ao impasse gerado pelas candidaturas de Arlindo Chinaglia (PT-ST) e Aldo Rebelo (PCdoB).
Ciro, que deverá ocupar um ministério de peso na atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e é apontado como possível candidato do governo à sucessão presidencial, daqui a quatro anos, apóia a candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP). A entrada em cena de Gustavo Fruet (PSDB-PR), na opinião do deputado, deixou o processo sucessório na Câmara "mais confuso", segundo afirmou. Na opinião dele, se Fruet chegar ao segundo turno, tem grandes chances de conquistar a vitória.
Em meio a uma negociação entre alguns partidos pequenos para montar um bloco de esquerda que isole o PT, tenha atuação coletiva e torne-se uma das três maiores forças políticas da Câmara Federal, a maior das legendas, o partido de Ciro Gomes oficializou seu apoio à candidatura do comunista Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que deseja reeleger-se presidente da Casa. A decisão era previsível, pois várias lideranças socialistas já haviam declarado voto em Aldo. Mas, com os candidatos correndo atrás de fatos positivos - ou tentando criá-los - para explorar na eleição, o gesto não só ajudou Aldo, como colaborou para prejudicar o concorrente do PT, Arlindo Chinalgia (SP).
Isso porque o posicionamento do PSB ocorreu no mesmo dia em que o PSDB recuou da intenção de votar em Chinaglia, para apoiar um postulante do partido, Gustavo Fruet (PR). Fruet entrou na disputa lançado por um grupo de parlamentares autodenominado "terceira via" e "independente", embora seja controlado por tucanos.
Ao justificar o a opção por Aldo, o PSB, que é aliado do governo Lula, argumentou que ele teria mais chance de ganhar e de deixar a Câmara "equilibrada" do que o petista.
- O atual presidente aglutina mais forças na Casa que o Chinaglia - afirmou o líder do partido, Renato Casagrande (ES), que não poderá votar no comunista, pois se elegeu senador.
Entre auxiliares de Aldo, mais do que as chances de vitória, a decisão do PSB deve ser entendida como um movimento político para além da eleição interna da Câmara. Ela aproxima um pouco mais socialistas e comunistas, reforçando a disposição de ambos de descolar-se do PT na eleição de 2010 para, unidos, disputarem a sucessão do presidente Lula. O candidato deles seria o ex-ministro e deputado federal eleito Ciro Gomes (PSB).
Nas cinco eleições presidenciais que Lula enfrentou, o PCdoB sempre se aliou ao petista já no primeiro turno. Em 2002, o PSB teve candidato - Anthony Garotinho, hoje no PMDB -, mas esteve com Lula naquele segundo turno e no primeiro das demais campanhas. Agora, no entanto, os dois partidos ensaiam uma tentativa de quebrar a hegemonia do PT no chamado campo político da esquerda.
A eleição de 2010 e a quebra da hegemonia petista também estão por trás da negociação para que se crie um bloco de esquerda na Câmara. As conversas até agora envolvem PSB, PCdoB, PDT, PV, PMN, PHS e PAN. Caso o bloco vingue, teria mais de 80 deputados e quase se igualaria às duas maiores bancadas da futura Câmara - PMDB (89 parlamentares) e PT (83).
Racha tucano
Os dois maiores partidos estão juntos na eleição para a Presidência da Câmara, e este era um dos motivos para que o PSDB, dias atrás, tivesse manifestado a intenção de votar em Chinaglia. Nesta terça-feira, contudo, o PSDB desistiu de seguir o chamado princípio da proporcionalidade (o maior partido comanda a Câmara) e abandonou o voto no petista, para que não houvesse uma briga entre tucanos.
Porta-voz da escolha anterior, o ex-líder do deputado Jutahy Jr. (BA), que na mesma reunião foi sucedido por Antonio Carlos Pannunzio (SP), admitiu