Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad afirmou, nesta quarta-feira, em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, que Israel ou os Estados Unidos não teriam "a ousadia e atacar o Irã" devido ao seu programa nuclear.
- Eles (os israelenses) conhecem bem o poder do povo iraniano. Eu não acredito que eles terão algum dia a ousadia de nos atacar. Eles não fariam algo tão estúpido - disse Ahmadinejad ao jornal.
Líderes conservadores do Irã vêem Israel como um representante dos EUA no Oriente Médio.
O Irã mantém a sua decisão de não reconhecer a existência do Estado de Israel, e Ahmadinejad já afirmou que o país deveria ser "varrido do mapa".
- Aquele regime quer atacar o povo iraniano. Eles sonham com isso, mas não têm esse poder - afirmou.
Israel se recusa a descartar uma ação militar contra o Irã nos moldes do que ocorre em 1981, quando um ataque aéreo de Israel destruiu um reator nuclear no Iraque. No entanto, analistas dizem acreditar que Israel não conseguiria destruir sozinho as instalações nucleares do Irã. Questionado agora, novamente, se gostaria de ver a destruição de Israel, Ahmadinejad evitou dar uma resposta direta, mas fez referência a uma declaração anterior, na qual disse que, "assim com a União Soviética foi destruída, Israel será destruído".
- Onde está a União Soviética?. Ela desapareceu - disse.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou unanimemente no mês passado a imposição de sanções contra o Irã para deter seu programa de enriquecimento de urânio. O Irã alega que seu programa é exclusivamente pacífico. Os EUA acusam Teerã de pretender construir armas nucleares. Israel afirmou em diversas ocasiões que não permitirá que o Irã possua armas nucleares.
Panos quentes
Ainda nesta quarta-feira, o Irã procurou acalmar os ânimos da comunidade internacional ao convidar representantes de países em desenvolvimento junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), um órgão da ONU, para visitarem suas instalações nucleares, numa demonstração de transparência do seu programa de combustível nuclear, segundo diplomatas. As atividades nucleares da República Islâmica estão atualmente submetidas a sanções da Organização das Nações Unidas, porque os Estados Unidos e outros países suspeitam que haja o desenvolvimento de armas atômicas - o que Teerã nega veementemente.
O Irã deseja ampliar sua produção de combustível nuclear até uma escala industrial, mas também se compromete a manter a colaboração com as inspeções da AIEA, o que pode significar apoios diplomáticos em seu impasse com o Ocidente. Teerã convidou representantes do Movimento dos Não-Alinhados, do chamado Grupo dos 77, que reúne ainda mais países, e do escritório da Liga Árabe em Viena para visitarem suas instalações nucleares entre 2 e 6 de fevereiro, segundo um diplomata iraniano, que pediu anonimato e não deu detalhes.
Um embaixador dos não-alinhados na AIEA, que tem sede em Viena, disse que o convite foi aceito: "Será um exercício de publicidade para o Irã -- demonstrar transparência, dizendo:
- Convidamos os embaixadores, estamos mostrando as instalações a eles - afirmou o diplomata a jornalistas.
Mas Gregory Schulte, embaixador dos EUA na AIEA, disse que a iniciativa é inútil.
- Em vez de convidar embaixadores da AIEA, o Irã deveria dar aos inspetores da AIEA acesso a todos os documentos, instalações nucleares e indivíduos que os líderes do Irã se recusam a permitir nos últimos três anos. Suspender essas atividades (de enriquecimento de urânio) construiria confiança. Exibi-las, não - afirmou.
Entre os convidados estão representantes do Egito, de Cuba e da Malásia, três países muito ativos no Movimento dos Não-Alinhados, ao qual o Irã também pertence. O apoio desse grupo de 115 países poderia ser importante num momento em que Teerã tenta convencer a AIEA a manter sua cooperação técnica. Os não-alinhados formam uma parte importante